quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ao que interessa!

A invenção de hoje:

Meu brother Gabriel Tenembojm, vulgo Nice, se ofereceu ontem a participar de uma das minhas elaborações. Pra mim foi ótimo por ser um grande desafio: o garoto, além de ser meu pessimista favorito, desenvolveu recentemente uma intolerância à lactose. Servir algo que se ajustasse à dieta dele e fosse convincente seria uma tarefa e tanto (just joking, bro). Resolvi encarar logo na segunda postagem do blog.

Hoje vim pra casa almoçar (trabalho a 10 minutos de casa, o que vocês acham que eu fiz dos medalhões restantes da receita de ontem??) e fiquei pensando no que fazer. Abri o freezer e encontrei ali merluza. Boa: peixe, leve, e ainda por cima com escamas e nadadeiras, logo um pouco mais kosher (o brother é judeu). Tá, a minha tava limpinha, sem nadadeiras e escamas, só os filés. Pus fora do freezer em uma bacia com água para descongelar lentamente.

À noite, chegando do trabalho, como sempre, fui de primeira me ocupar do jantar, já que hoje teria companhia. Convidei ainda o irmão do Nice, o popular Flavinho, para acompanhar a parada. Dadas as restrições e vendo o que tinha em casa para montar algo legal, resolvi preparar um peixe com um toque thai (influência tailandesa, usando doce e apimentado) aproveitando pra matar com leite de coco a saudade do cara de algo parecido com leite. Fiz a refeição para três, mas vou dar aqui a dica pra uma só pessoa:

1. Como guarnição, faça aquele arroz que fica grudadinho e sem tempero, bem oriental; é bom pq os sabores aqui serão bem evidentes: em uma panela pequena, coloque meia xícara de arroz e cubra com água fria até ficar um dedo acima do nível do arroz., Coloque no fogo baixo com a tampa semiaberta e controle pra não vazar, ele espuma às vezes. Se isso rolar, só destampe até abaixar a espuma. Usei arroz normal, a idéia é usar ao máximo coisa normal que tem em casa.

2. Enquanto isso, tempere o peixe: escorra a água do descongelamento, lave mais uma vez os filés (um ou dois bastam, depende da sua fome) e tempere com:

2 colheres de chá de açúcar mascavo
1 colher de sopa de coentro picado
1/2 pimenta dedo-de-moça cortada em fatias finas, assim:



1 colher de chá de sal
5 gotas de óleo de gergelim (se não tiver, desencana)
1/2 limão tahiti espremido (é o verdinho mais comum. Aproveita e rala a casca dele, só a parte verde, hein?)
1 colher de sobremesa de molho de peixe

MOLHO DE PEIXE?

Sim. É um molho fermentado de peixe, típico da culinária tailandesa. Hoje em dia é relativamente fácil e barato de achar em supermercados que têm aqueles cantinhos de produtos orientais, ou pra quem mora em SP é só ir aos mercadinhos da Liberdade. É bem versátil pra quem gosta de inventar e dar um toque diferenciado aos pratos. A foto do meu tá aí. Dá um sabor bem autêntico a um "sambarylove" como esse que estou apresentando, ajuda a impressionar, faz toda a diferença ;-)



Bota tudo na tal bacia onde o peixe descongelou, pra economizar louça... fica com uma cara assim (o meu tinha mais peixe, não era pra uma pessoa só)

3. Enquanto isso vai cuidar do acompanhamento: abobrinha ao curry. Pra um só recomendo assim:

1/2 abobrinha bem lavada, cortada em cubinhos de mais ou menos 1 cm, igual na foto



1 colher de chá de curry em pó
1 colher de sobremesa de azeite
1 colher de chá de tempero completo (pode ser a medida normal com aquele do supermercado...)
1/4 de cebola cortada em tiras (corta no meio na vertical, depois no meio na vertical de novo, aí em fatias finas... igual à receita de ontem)

Nisso vai olhar o arroz que já deve estar cozido (mete o garfo e experimenta!!), com textura quase grudenta, mas ainda muito cremosa. Se estiver assim, tira do fogo e tampa a panela de vez, deixando num canto, pra chegar no ponto ideal.

Daí pra preparar a abobrinha: numa frigideira antiaderente, em fogo alto, esquenta o azeite, jogua a cebola, frita até começar a ficar transparente, aí junta a abobrinha, o curry e um pouquinho de água, tipo o que seria um gole. Tampa a frigideira e abaixa o fogo. Enquanto isso, mexe o peixe na bacia e liga a tv... Passados uns 2 minutos, volta e põe o sal temperado, mexe bem e experimenta. Quando a abobrinha não estiver nem dura demais nem com cara de ficar molenga, é só tirar do fogo e deixar de lado, com a frigideira tampada.

4. Vamos ao que importa: o peixe. Pegue:

1 panela wok (se não tiver, use uma frigideira funda)
1/2 pimenta dedo-de-moça cortada em fatias finas (sim, a outra metade!)
1/4 de cebola picada
As raspas do 1/2 limão que você usou lá atrás
1 colher de sopa de coentro picado (outra!)
2 colheres de sopa de azeite
3 gotas de óleo de gergelim (se não tiver, já sabe)
1 vidro de leite de coco (vai usar 1/3 dele)
Castanhas de caju a gosto

Esquenta a panela (ou frigideira) no fogo alto, coloca o azeite e o óleo de gergelim, deixa esquentar e põe ali o filé de peixe bem escorridinho do tempero. Pode dar alguma água, deixa secar... passe pro fogo médio, junte a pimenta, o coentro, a cebola, as raspas de limão e deixe dar uma fritada. Depois de mais ou menos 2 minutos, vai ficar assim:



Aí suavemente vire o peixe com uma espátula e deixe fritar mais 1 minuto. Junte o leite de coco, as castanhas de caju e outro "gole" de água, abaixe o fogo de vez e espere começar a ferver. Experimente e acerte o sal se precisar... Está pronto pra servir com o arroz e a abobrinha ao curry! A cara é mais ou menos essa:


(o peixe em primeiro plano, daí a abobrinha e o arroz. Dessa vez não deu pra caprichar na apresentação, que o povo tinha tanta fome que foi na panela mesmo)

Como o Nice é um grande apreciador de cervejas (assim como eu), trouxe algumas opçòes para acompanhar. Na foto acima você vê a Franziskaner, de trigo, muito boa, e a Spaten. Pra esse prato fiquei com a Spaten, uma lager alemã levinha e refrescante que combinou bem com o peixe apimentado.

Grazie mille!

Às primeiras pessoas que deram feedback ou tornaram-se seguidoras do blog. Bem estimulante pra alguém que resolveu montar isso aqui lá pelas 18:00 de uma segunda-feira, no dia do expediente, com a simples pretensão de compartilhar umas invenções meio doidas. Valeu!!! :)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Só pra localizar os leitores...

As atualizações do Gororoba não!! serão feitas, geralmente, a cada refeição que eu preparar - normalmente, o jantar. Esporadicamente teremos alguma informação extra, com dicas de comes e bebes que eu acho bacanas. Ah, sim, não tem merchan, jabá ou qualquer coisa do tipo nos produtos que eu cito - só exemplifico com as marcas que eu venho usando, quando acho isso relevante.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Menu du jour: medalhões de frango na cerveja e spaghetti com rúcula

Bom, a primeira coisa que eu pensaria é "puuuutz, quanta trabalheira". Eu pensei isso muito tempo: chegar em casa cansado do trabalho e ter que fazer comida elaborada? Não, tome sanduíche. Só que uma hora o sanduíche estressa, e você que já chega querendo relaxar vai ficar puto(a), ainda que inconscientemente, porque além de estar cansado e, bem provável, ter almoçado na correria, ainda vai jantar mal. Cadê o prazer?

Tá aqui, facinho. Na véspera, antes de dormir, pegue meio peito de frango (uso o congelado da Sadia que já vem limpinho) e deixe em um prato, coberto, pra descongelar. Enquanto isso você dorme desencanado. Fiz isso ontem, chegando de uma cervejada com os amigos, lá pela meia-noite.

Hoje, quando acordei, tava lá meu peito descongelado. Coloquei num recipiente plástico com tampa, ao qual adicionei para marinar:

1 lata de cerveja (usei Brahma)
1 colher de sopa de tempero completo (receita caseira. Se for usar esses prontos de supermercado, pode pôr até menos, senão salga demais)
2 colheres de chá de sálvia (se não tiver, deixa quieto)
2 colheres de chá de orégano (esse você deve ter)
2 colheres de chá de mostarda (Heinz, no caso)
2 dentes de alho picadinhos
1 colher de sopa de azeite de oliva
1 boa pitada de pimenta-do-reino moída (na hora, de preferência)

Fiz isso enquanto o leite fervia. Mais fácil, impossível.

Tampei o dito-cujo e larguei na geladeira, e vamos para a agência que as demandas dos clientes esperam. Ao menos sabia que, chegando em casa, teria algo decente pra comer antes de dormir.

Cheguei em casa. Olhei as correspondências, vi chamadas não-atendidas, todo esse bla-bla-bla cotidiano de quem vive sozinho - cozinhar não toma todo esse tempo. Fui pra cozinha às 20:15 e separei:

1 tábua
1 faca grande e bem afiada
1 panela grande (para cozinhar macarrão. Ferver a água com 1 colher de sopa de sal e outra de óleo)
Palitos de dente
1 caixa de bacon em fatias (recomendo o Perdigão)
1 maço de rúcula
1 cebola
Manteiga
Macarrão

Aí foi assim:

a. Cortei o frango em fatias de espessura equivalente à largura das fatias de bacon.



b. Enrolei as fatias de frango com fatias de bacon, e prendi com palito de dente (economize: meio palito dá pra um medalhão)



c. Nisso, a água que tava no fogo ferveu. Pus nela uma mão de macarrão - quantia mais que justa pra matar a fome de uma pessoa com louvor. Só esperar amolecer e empurrar pro fundo com pegador de macarrão, mexendo um pouco.



d. Numa frigideira de inox, daquelas grossas, coloquei um pouquinho de manteiga (uma colher de sobremesa chega) e coloquei os medalhões. Fogo médio. Pra minha fome coloquei dois, vai de cada um! Liguei o forno elétrico em temperatura baixa nesse momento.



e. Enquanto os medalhões fritam, cortei a cebola em tiras: ao meio no sentido vertical, depois metade de uma das metades, e depois essa parte em tiras finas, sempre na vertical.


f. Virei os medalhões e fui lavar a rúcula, bem lavado como sempre deve ser. Voltei e vi que já estavam bem dourados: tirei da frigideira e pus no forno elétrico para manter aquecido sem ressecar.

g. Na gordura que restou na frigideira, joguei minha cebola e fritei até ficar transparente. Nisso, coloquei metade do líquido da marinada do frango, aumentei um pouco o fogo e deixei reduzir até começar a atingir uma textura cremosa. Tirei o macarrão direto da panela para a frigideira, adicionei meia caixinha de creme de leite e um punhado de rúcula rasgada na mão. Mexi bem, esperei a rúcula dar uma murchadinha e ficou com essa cara:



Daí foi só passar pro prato, tirar os medalhões do forno elétrico e arrumar direitinho. Em 20 minutos eu estava com esse prato na mão, pronto pra comer. Pra acompanhar, o que tinha na mão: uma Leffe Blonde, cervejinha belga bem boa, estilo abadia, com um sabor seco mas ainda levemente adocicado que cai muito bem com o amargor suave do molho feito com a marinada do frango, mais a rúcula.



Comi com calma, saboreando a parada toda, e às 21:10 já tinha jantado e lavado toda a louça. Em 55 minutos você prepara seu próprio jantar bacana, come tranquilo e ainda arruma a cozinha! Melhor que isso, só a comida já prontinha, mas ainda não tô podendo bancar um personal chef então por enquanto vou eu mesmo ;-)

Estreando...

Olá a todos,

Decidi iniciar este blog pensando na dificuldade presumida que noto nas pessoas quase sempre que falo em cozinhar quando se está sozinho. Geralmente o que rola é preguiça e a idéia assumida do "não sei fazer nada" e se parte para uma dieta, digamos, junkie - principalmente entre os homens. Minha pretensão não é fazer culinária exata ou com técnica, bla bla bla, apesar de ser grande apreciador da alta gastronomia. Só vou compartilhar minhas experiências no que eu chamo de "baixa gastronomia com dignidade", com uns quebra-galhos que invento e julgo úteis (e agradáveis) pra quem, como eu, tem que se virar sozinho!